Dilma lança Dialoga Brasil para estreitar relacionamento entre governo e sociedade

O governo federal lançou nesta terça-feira, 18, a ferramenta digital Dialoga Brasil, em evento na Funarte, em Brasília, com a presença da presidenta Dilma Rousseff e dos ministros Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência), Tereza Campelo (Desenvolvimento Social), Arthur Chioro (Saúde), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Renato Janine (Educação).
A ferramenta é uma espécie de rede social que pretende tornar conhecidos os principais programas do governo federal, mas, principalmente, acatar propostas, críticas e sugestões encaminhadas pela população.
Numa primeira etapa, estão disponíveis 14 programas dos ministérios que participaram do evento de hoje. Até o dia 31 de outubro, quando se encerra a primeira fase, 80 programas de praticamente todos os ministérios estarão abertos à consulta e discussão pública.  Os ministros, pessoalmente, são responsáveis por dar resposta às propostas.  Eles participarão nas próximas semanas de bate-papos com os usuários.  Todas as propostas cabíveis, além disso, serão encaminhadas às conferências setoriais.
Cadastrado no sistema, o usuário pode apresentar sugestões e propostas que, por sua vez, podem ser apoiadas por outros usuários. As propostas que receberem mais apoio serão, necessariamente, encaminhadas aos ministros das áreas.
O ministro Miguel Rossetto afirmou que com o Dialoga Brasil o governo abriu "uma nova forma de dialogar com a sociedade brasileira".  Para ele, até então havia poucas oportunidades para participação cidadã e para a sua compreensão do sentido estratégico das ações de governo.
Durante o evento, pessoas que estavam na plateia puderam fazer sugestões aos programas do governo, respondidos prontamente pelos ministros.
A travesti paraibana, Fernanda Bienvenutti, membro do Conselho Nacional de Segurança Pública, defendeu, por exemplo, o fortalecimento das políticas de enfrentamento da violência contra a comunidade LGBT e a juventude negra da periferia. Em sua resposta, o ministro Cardozo falou da iniciativa de atuação conjunta eletiva nos 81 municípios mais violentos do país - que representam a maior parte dos homicídios e crimes contra a vida registrados no Brasil. Nem Cardozo, nem Dilma depois referiram-se à criminalização da homofobia e ao fim dos autos de resistência, defendidos na campanha eleitoral do ano passado.   O tema foi retomado mais tarde na conversa que os blogueiros mantiveram com o ministro Rossetto depois do encerramento do lançamento.
Na conversa com os blogueiros, o ministro fez uma análise da conjuntura política, apontando os principais desafios políticos e econômicos dos próximos meses para o governo. Além disso, recebeu críticas e sugestões, especialmente sobre a ferramenta Diáloga Brasil.
Breno Altman, por exemplo, editor do Opera Mundi, questionou o motivo de os temas da política econômica, do ajuste fiscal e as bandeiras mais caras dos direitos humanos não inaugurarem o Dialoga Brasil. Rossetto justificou a decisão pela necessidade de uma escolha mais programática e menos conjuntural, mas o ministro defendeu que temas econômicos, como os do ajuste fiscal, sejam incorporados nessa ferramenta de debate público. Após reiteradas intervenções sobre a necessidade de encorpar a discussão política - conforme expressão usada pelo jornalista Altamiro Borges - inclusive nos temas de direitos humanos, Rossetto disse que receberia as sugestões e as discutiria no governo. 
Rossetto entende que é necessário o governo ampliar o diálogo político e com a sociedade. "Quando a gente luta, a coisa é diferente", disse o ministro, para depois citar as lutas, para ele bem sucedidas, envolvendo o PLC 4330 (Terceirizações), Redução da Maioridade Penal e Financiamento Privado Empresarial de campanhas.
Por fim, o ministro reafirmou o compromisso do governo com as pautas de direitos humanos, como o fim dos autos de infração e a criminalização da homofobia. "Possivelmente, no segundo semestre poderemos voltar à discussão desses temas", complementou.

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